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O cultivo de uma árvore e a empresa. Qual a relação?

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Para iniciar a coluna de hoje vou falar sobre o nobre ato de plantar uma árvore e de cuidar da mesma até o seu pleno desenvolvimento. Estamos na semana da árvore? De forma alguma. O dia da árvore é comemorado em 21 de setembro. Aumentou ou diminuiu de forma significativa o desmatamento no mundo? Que eu saiba não.  Também não falarei de agronegócios, agroecologia e sustentabilidade. Por mais que goste, também não será pelo fato de plantar uma árvore ser considerado um dos três atos que tornam um homem realizado em sua vida.

Por quê então falar sobre o ato de plantar árvores em um espaço voltado para negócios? Qual a relação? Em uma consultoria que realizei em uma empresa na última semana, fui despertado para uma determinada situação que acabou me fazendo pensar sobre cada etapa, do plantio até o seu desenvolvimento pleno. Lembro que fui detalhando esse pensamento para o empresário conforme compartilharei com vocês a seguir.

Comecei apresentando a primeira etapa, que consiste em avaliar qual árvore plantar e a escolha do local mais adequado. Se quiser ser muito responsável em meu nobre ato, irei pesquisar profundamente sobre a planta, verificando todos os cuidados necessários antes de iniciar o plantio no ambiente escolhido.

Se tudo apontar para bons resultados, irei iniciar a fase de execução, onde prepararei o solo, escolherei a melhor muda e iniciarei o plantio. O cuidado acabará sendo praticamente diário, dando a ela condições ideais de luminosidade, de água e nutrientes, protegendo-a de ventos e pragas diversas.

 

Aos poucos as raízes vão se fixando e a muda vai se desenvolvendo. Chegará em um ponto que colocarei uma estaca rente ao caule, dando suporte e direcionando o crescimento da árvore. Nesse meio tempo irei ensinar e motivar filhos, parentes ou amigos próximos, que possuem interesse direto em seu desenvolvimento, sobre como cuidar dela. Pois nem sempre estarei por perto.

Depois de um determinado estágio, a planta ganhará firmeza em seu crescimento e não precisará mais do suporte. Com isso as minhas atribuições irão reduzindo a medida em que ela vai se desenvolvendo. Até chegar o dia em que  roduzirá os frutos desejados e o meu papel será apenas de avaliar o seu desempenho a cada safra, buscando alternativas para melhoria de produtividade e proteção para as possíveis ameaças.

Fica claro que se não tomar esses cuidados, as chances de que a árvore não se desenvolva da forma devida, que seja pouco produtiva ou até mesmo que morra prematuramente aumentam. Acredito que essa não é a visão de futuro de quem a planta.

Da mesma forma, as chances de insucesso aumentam se eu protejo a árvore demais, impedindo o seu crescimento natural. Se estabeleço que sou o único responsável por todas as etapas então, a situação se agrava mais ainda, pois além de pôr em risco o desenvolvimento da planta, ficarei eternamente preso a ela. E onde ficará o meu bem estar e da minha família?? _Vamos viajar de férias, passar 15 dias fora, conhecendo novos lugares??? _Não posso, pois tenho que cuidar da minha árvore. Nem um probleminha de saúde vou poder ter em paz, pois tenho a certeza de que ela precisará de mim. Não poderei me afastar.

O empresário olhou para mim e falou: _Estou escravo de minha Árvore e ela escrava de mim. Não sei como deixar essa relação de mais de uma década mais saudável para mim e para ela.

Então! O que fazer para não deixar você e sua empresa reféns um do outro? Normalmente os sintomas surgem quando o empresário começa a utilizar de forma cada vez mais frequente as seguintes expressões:

- Não tenho tempo para nada, pois a minha empresa consome tudo;

- Tudo tem que passar por mim, senão a empresa não anda. Nesse ponto ele acaba incorporando o sujeito que tem que bater o escanteio e correr para a área para fazer o gol de cabeça no mesmo lance. O pior é que ele acha que consegue. Que eu me lembre, só o personagem Didi Mocó no filme os Trapalhões e o Rei do Futebol conseguiu realizar essa proeza;

- Não estou dando conta das atividades da empresa. Não sobra tempo para atuar de forma estratégica. E em muitas vezes, não sobra tempo para todas as atividades operacionais devidas;

Quando chega nesse estágio, o empresário acaba apresentando:

- Desmotivação e resistência ao trabalho. A empresa vira um fardo pesado para carregar;

- Cansaço físico e mental que leva a atrasos, esquecimentos e queda de rendimento;

- Falta de paciência no relacionamento com colaboradores, parceiros, clientes e família;

- Maior suscetibilidade a doenças.

Obs: Para piorar a situação, essa patologia se espalha pela empresa como um vírus feroz, fazendo com que toda a organização fique doente também.

Seguem algumas dicas para que esse ato nobre também se torne algo prazeroso e não um grande problema:

- Em primeiro lugar saber separar muito bem a vida pessoal da “vida” da empresa. A relação tem que ser extremamente profissional. Cada um tem rumos a seguir, onde no máximo um contribui com o outro. Uma relação siamesa entre o empresário e a empresa aumento muito os riscos;

- Não querer ser o EUPRESA. É necessário preparar a estrutura organizacional da minha empresa para funcionar sem a obrigatoriedade da minha presença. As exceções apenas quando na empresa só existe o dono;

-  Identificar, preparar e motivar de forma adequada as pessoas para as funções que irão desempenhar;

- Acompanhar o dinamismo de mercado para melhor identificar que rumos a empresa deverá tomar;

- Estabelecer e monitorar os indicadores de desempenho da empresa.

Tem que ficar claro para todos que as boas dicas ajudam, mas não existe uma fórmula pronta de “bolo” que aponte o tempo certo para “maioridade” da empresa ou momento em que ela tenha que sair da guarda total dos “pais”. Assim como uma árvore, cada negócio tem suas particularidades, como adaptação diferenciada ao local, tempo de desenvolvimento próprio e necessidades de apoio diferenciadas. Os fatores externos, combinados com as minhas competências e recursos durante o seu trato é que irão determinar como agir da melhor forma. O empresário tem que estar bem preparado para potencializar oportunidades e minimizar ameaças, para poder viver e deixar viver.

Felicidade a todos e até a próxima!!

 


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